O clima dos festejos juninos ocupou o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro Pop Leste, em Belo Horizonte, na manhã de 22 de julho. Bandeirinhas e balões de São João enfeitaram o “Arraiá da Transformação”, que teve a participação de cerca de 300 usuários do serviço. A programação incluiu comidas e brincadeiras típicas, como pipoca e canjica, pescaria, boca do palhaço, jogo de argolas e bingo, além de muita música animando a festança. 

O arraial também foi marcado pela inauguração de uma loja social, com roupas doadas pela Cáritas Regional Minas Gerais, e pelo lançamento da moeda social “correria”, cujo nome faz referência a um galo homônimo que há 4 anos frequenta o Centro Pop Leste e foi adotado pelos usuários como animal de estimação. Ao entrar no festejo, cada usuário do serviço recebia 8 “correrias”, que poderiam ser trocadas pelo lanche, pelas brincadeiras e por peças na loja social.

A programação do arraial incluiu comidas e brincadeiras típicas dos arraiais juninos.

Segundo Wanderson Conceição, coordenador do Centro Pop Leste, a moeda social tem como proposta trabalhar os valores da Economia Popular Solidária, fortalecendo os afetos e os laços de solidariedade, de fraternidade e de inclusão. “Esse é um espaço de autonomia, de dignidade e de fortalecimento da parceria entre eles e com a equipe. A moeda social tem todos esses significados”, explica. 

O coordenador conta que a proposta é mostrar para os usuários que outra economia é possível, fazendo com que eles percebam que não é somente pelo suborno, pela barganha ou pela chantagem que as coisas são conquistadas: “É possível circular de uma outra forma (...), entendendo que a forma como a gente se movimenta na vida passa também por uma outra organização, inclusive, a organização da vida financeira. Cada um é um sujeito de direitos, mas também de fazer escolhas”.

Durante o festejo, as pessoas podiam ir ao Banco da Transformação, uma espécie de correio elegante, onde escreviam uma mensagem, que era fixada em um mural, e, assim, podiam “sacar” mais 5 “correrias”. A moeda social irá fazer parte dos eventos do Centro Pop Leste, bem como a loja social, possibilitando aos usuários trabalhar uma outra relação com o dinheiro. 

A moeda social "correria" visa trabalhar com os usuários do serviço os valores da Economia Popular Solidária e novas relações com a vida financeira.

Para Guilherme Silva, que frequenta o Centro Pop, a ornamentação do espaço, a participação nas brincadeiras e a alimentação diferenciada do que é servido no dia a dia do serviço foram os destaques do arraial. “Esse tipo de atividade que foge um pouco os padrões da lógica do Centro Pop é muito bom, porque ajuda a gente a sair da rotina, ajuda na questão do desestresse, na questão do comprometimento em geral com os próprios companheiros, ajuda a gente a interagir uns com os outros”, afirma.

Outra brincadeira junina típica realizada na festa foi a pescaria. No “Arraiá da Transformação”, ela ganhou uma nova roupagem e se chamava Captura Pipoca, cujos participantes pescavam saquinhos de pipoca que estavam dentro de um grande recipiente, o qual fazia alusão a uma panela com óleo no fogo. O coordenador do Centro Pop conta que a proposta foi simbolizar a transformação: “O milho precisa dessa ebulição e de uma resistência para que ele floresça e se transforme em pipoca”.

Wanderson Conceição explica que a festa visou trabalhar uma perspectiva comunitária, promovendo a reflexão sobre a transformação pessoal: “Resolvemos trazer a magia dos arraiais como caráter de trazer um ponto de reflexão sobre (...) a transformação para sair de um lugar de paradeza, de intolerância e de não inclusão, para um lugar de mais paz, mais tolerância, de solidariedade e de inclusão”. 

Bingo, boca do palhaço, jogo de argolas e outras brincadeiras animaram a manhã do Centro Pop Leste.

O Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua – Centro Pop Leste oferece atendimento diurno a homens e mulheres em situação de vida nas ruas, por meio de oficinas educativas, rodas de conversa e atendimento técnico socioassistencial, além de ser um local para alimentação e higienização pessoal. Equipamento público que integra o Sistema Único de Assistência Social de Belo Horizonte, o serviço é executado pela Cáritas Regional Minas Gerais através de parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC).