COLABORE

Água Bruta em quantidade e qualidade

Áreas de Atuação

Em uma das matérias da Edição 02 do Boletim Gualaxo! abordamos a luta das comunidades atingidas para o fornecimento de água bruta.

Publicação: 06/09/2023


Alguns dos principais traços das comunidades rurais são a preservação, cuidado e distribuição comunitária de água para usos diversos, principalmente ligados a produção de alimentos, fazendo parte do dia-a-dia da horta, pomares, roçados, criações de animais, pesca e também o beneficiamento de subprodutos. Torna-se fundamental também o conhecimento popular compartilhado nesses espaços ao se tratar da quantidade e qualidade da água bruta disponível, a avaliação dos períodos chuvosos e os de estiagem é feita pela vivência e lida diária, todos esses fatores são ligados diretamente ao planejamento de roça das famílias.

Nos territórios atingidos, as famílias utilizavam água bruta de córregos, lagos e nascentes. Em Bento Rodrigues existia a fonte Águas de Juliana, e as famílias que a utilizavam informaram que o volume de água era abundante e não necessitavam pagar taxas para sua coleta e uso, mas atualmente lutam para serem restituídos e terem garantidos fontes de água bruta conforme origem  em suas terras no reassentamento coletivo de Bento Rodrigues. As comunidades da Zona Rural também tiveram suas áreas atingidas pela lama de rejeitos, que destruiu a maioria dos cursos d’água da região e, em alguns casos, também modificou o percurso do corpo hídrico, comprometendo o abastecimento de água para consumo humano, agricultura e produção animal das famílias que ainda residem no local. 

Atualmente, para os reassentamentos coletivos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, a Fundação Renova propõe apenas o fornecimento de água potável para uso doméstico e atividades produtivas, não considerando nos cálculos de demanda hídrica o volume necessário de água bruta a ser destinado ao uso agropecuário e outras atividades determinantes para a retomada dos modos de vida. Nas comunidades de Pedras e Ponte do Gama não foi apresentado nenhum estudo para o fornecimento de água bruta às comunidades atingidas, o que frustra as expectativas de quem lá permanece, mesmo havendo uma demanda alta da água para as atividades produtivas.

Neste cenário a Cáritas MG|ATI Mariana, junto a Comissão dos Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF) e as famílias atingidas, têm construído de forma coletiva articulações que visam a garantia do direito à água bruta, buscando resoluções que não limitem o acesso, quantidade, qualidade e distribuição justa de um elemento que é tão fundamental para a manutenção de modos de vida, e do resgate da cultura da roça que há quase 8 anos encontra-se impedido para tantas famílias.



http://territorioatingido.com.br/#/conteudostematicos/aguas/rejeito

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