No último dia 9 de setembro, durante uma reunião da Unidade Regional Colegiada (URC) Jequitinhonha, a Anglo American conseguiu a autorização de uma licença para instalação de estruturas para conter resíduos de minério. A licença foi permitida por meio de um Dispositivo Autorizativo de Intervenção Ambiental (DAIA), para que as estruturas sejam implantadas na face oeste da Mina do Sapo, região onde fica a comunidade de Gondó, localizada no município de Conceição do Mato Dentro/MG.
A licença tornou-se ponto de pauta da reunião, convocada extraordinariamente, para que uma intervenção na vegetação nativa de uma área preservada pudesse ser autorizada. Porém, a Assessoria Técnica Independente (ATI) da Cáritas Regional Minas Gerais, junto à comunidade de Gondó, também trouxeram como pauta que as instalações poderiam gerar alguns impactos na região. Participando do espaço, a atingida de Gondó, Elaine Peixoto, expôs sua preocupação com a permissão da licença, relatando os danos no local onde mora, desde a expansão da mineradora.
“Como que vamos ficar, se eles têm essa licença. E nós? Como que nós ficamos? Eu tenho uma criança, e mal consigo sair de casa à noite, porque os animais que ficam na região onde eles estão mexendo descem todos para minha casa, então eu fico até com medo. A água não só diminuiu como tá suja. Eles fazem o abastecimento lá em casa, com água levada pelo caminhão, mas às vezes eu nem sei de onde é que pegam. Não me deram laudo de nada”, afirmou a atingida.
Atingida da comunidade relatou suas experiências com o avanço das obras na região. Imagem: Reprodução/YouTube
Assessorados pelos técnicos(as) da ATI da Cáritas, os atingidos e atingidas da comunidade do Gondó acompanharam e participaram da reunião, utilizando como ponto de apoio os escritórios da Cáritas no município de Conceição do Mato Dentro. Essa atividade buscou apoiar e assegurar a participação ativa e informada dos(as) atingidos (as), uma vez que durante a reunião, a equipe de assessores (as), também apresentou uma breve síntese embasando e fortalecendo tecnicamente os argumentos apresentados pela comunidade.
Resultado
Apesar dos relatos dos atingidos e dos apontamentos técnicos apresentados durante a reunião, a licença foi concedida à Anglo American. A maioria dos conselheiros da URC Jequitinhonha considerou que a obra é uma intervenção de contenção necessária para evitar danos ambientais, como o assoreamento. Dos conselheiros presentes, votaram de acordo com as demandas apresentadas pelos atingidos e atingidas somente os representantes do Ministério Público de Minas Gerais, da Cáritas Diocesana de Araçuaí, da Arpa (Associação Regional de Proteção Ambiental) de Curvelo, do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG) e da PUC Minas.
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