Os jovens e os adolescentes do Abrigo Granja de Freitas, em Belo Horizonte, estão escrevendo uma nova história cheia de cores e expressões no serviço que integra Sistema Único de Assistência Social (SUAS) do município. Desde agosto desse ano, o projeto Basquiat Graffiti vem mudando a rotina e o ambiente das pessoas acolhidas no serviço.
A coordenadora do Abrigo, Alessandra Belmonte, explica que trabalhar o grafite é uma oportunidade de mostrar aos jovens uma forma alternativa de expressar a opressão que a humanidade vive, principalmente, os menos favorecidos: “O grafite reflete a realidade das ruas, da população marginalizada e vulnerabilizada. Será a oportunidade de, através da arte, fazer com que suas vozes sejam ouvidas”.
Para Alessandra, as oficinas têm sido positivas, uma vez que melhoram a interação entre os participantes, propiciam o desenvolvimento de habilidades de escrita e desenho e reflexões sobre os projetos de vida e o espaço do Abrigo. “A intervenção pretende fazer com que adolescentes e jovens acolhidos sintam-se parte do espaço, se identifiquem e cuidem do local”, explica.
Respeitando os protocolos sanitários exigidos na pandemia, as oficinas, realizadas pelo grafiteiro e educador Fred Negro F., acontecem, geralmente, às quartas e quintas-feiras com a participação de um grupo de 10 a 15 adolescentes e jovens, tendo também a participação de crianças entre 08 e 11 anos em algumas atividades específicas.
Adolescentes e jovens participam das atividades do projeto Basquiat Graffiti, no Abrigo Granja de Freitas, em Belo Horizonte.
O educador Fred Negro F. conta que durante as atividades do projeto os participantes têm conseguido aprofundar suas habilidades e suas técnicas de desenho em um processo que passa pela elaboração de letras, personagens, cores. Ele afirma que a prática criativa de produção de materiais expositivos, a partir do stencil e garrafas, possibilitaram a evolução de técnicas e a sensibilização do grupo sobre a noção de pertencimento social e comunitário.
O grafite se constitui como um dos 4 elementos do movimento Hip Hop, que é composto por grafite, breakdance, MC (mestre de cerimônias) e DJ, sendo que esses dois últimos constituem o rap. Expressão social, artística e política, o grafite parte de um processo de intervenção, que através de cores, formas, personagens e mensagens, busca a transformação de espaços urbanos. “No caso do Abrigo Granja, visamos fazer uma criação que trabalhe cores e movimentos que dialoguem com a identidade local e o pertencimento comunitário dos moradores”, explica Fred. Ele conta que ao final da etapa, a proposta é que os participantes produzam um mural no local.
A adolescente de 12 anos, N. T., diz que está aprendendo sobre cores chamativas, arte urbana, cores vivas e também a desenhar melhor. “A gente vai cuidar do Abrigo, vai pintar várias cores e vai ficar mais bonito”, conta. Já M.E., também de 12 anos, acredita que o projeto ajuda as crianças do abrigo a aprender para elas terem um caminho mais certo e um rumo na vida.
O Abrigo Granja de Freitas é um serviço de acolhimento institucional provisório para famílias vindas das áreas de risco geológico, de situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social ou de situação de vida nas ruas. O serviço é executado pela Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais por meio de parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC) de Belo Horizonte.
Fotos: Fred Negro F
* Os nomes das crianças e dos adolescentes foram alterados.