Foto: Tainara Torres/Cáritas Diocesana de Itabira
A 29º edição do Grito dos Excluídos e Excluídas aconteceu na última quinta-feira, feriado de 07 de setembro, onde é comemorada a Independência do Brasil. Com o lema “Você tem fome e sede de quê?”, as ações que também aconteceram na cidade de Ipatinga movimentaram as ruas de diversos Estados do país.
“O Grito traz para nós exatamente a retomada de um compromisso social mais efetivo e afetivo em decorrência do que estamos celebrando e ele também quer estar unido aos outros gritos que são dados”, explica Pe. Marco José Almeida, Pároco na paróquia de Nossa Senhora Aparecida.
Participaram da caminhada pelas ruas de Ipatinga estudantes, moradores locais, Assessorias Técnicas Independentes Cáritas Diocesana de Itabira e Aedas, representantes de movimentos sindicais, sociais e populares da região do Vale do Aço, o MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), representantes das três regiões pastorais da diocese, pastorais sociais e pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão.
Ao longo da caminhada foram ecoados pelo povo os gritos por respeito, moradia para todos e todas, água limpa, justiça, dignidade, emprego, saúde, educação e contra discriminação e o preconceito.
Dom Marcos Aurélio Gubiotti, bispo diocesano da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, traz a reflexão de que a fome do povo não é somente de pão. “O grito mostra que nós pessoas humanas não temos só fome de pão. Nós queremos assumir o compromisso de colaborar na transformação dessa realidade desumana, injusta, dessa realidade que é resultado da desigualdade, da discriminação e da exclusão. É isso que nós queremos gritar.” conclui.
“Seguiremos em marcha, até que todos sejamos livres”
O Grito dos Excluídos e Excluídas acontece desde 1995 e, a cada ano, leva às ruas de diversas regiões de todo o país o tema geral “Vida em primeiro lugar” para aprofundar as reflexões da campanha da fraternidade que, em 2023 teve como tema a “Fraternidade e Fome” e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
Foto: Pedro Caldas/Cáritas Diocesana de Itabira
“Esse grito não é contra o sentimento de cidadania, esse grito não é contra o amor civil pela pátria, nós amamos a nossa pátria porque amamos o povo que vive nela. E é por causa do sentimento de fraternidade e solidariedade com esse povo que passa por diversas fomes é que nós estamos gritando. É o nosso modo de mostrar que temos amor cívico, que amamos a nossa pátria e queremos liberdade sim, mas para todos e não só para alguns.” diz Dom Marcos Aurélio Gubiotti, bispo diocesano da Diocese de Itabira-Fabriciano
Pessoas atingidas pela barragem de Fundão ecoam o grito por justiça
Foto: Tainara Torres/Cáritas Diocesana de Itabira
Atingidos e atingidas dos territórios de Rio Casca e Adjacências e Parque Estadual do Rio Doce e sua Zona de Amortecimento, assessorados pela Assessoria Técnica Independente da Cáritas Diocesana de Itabira, denunciaram a situação atual das comunidades atingidas quase oito anos após o rompimento da barragem de Fundão e lutam para que haja uma reparação justa, digna e rápida.
“A gente está aqui hoje, participando do grito dos excluídos, para dizer que não foi resolvido o problema. A população está excluída de cadastro e de indenizações. A população está vetada de tudo. Ao longo de todo caminho, são oito anos que nós não temos solução nenhuma”. Aponta Felipe Godoy, atingido de Timóteo.
Os danos causados após o rompimento seguem sendo vistos cotidianamente pelas pessoas atingidas ao longo de toda bacia do Rio Doce e, para quem vive na comunidade de Cordeiro de Minas, em Caratinga, não é diferente. “Nós não tivemos direitos, acharam que éramos um bando de trouxa. Mandaram os advogados, fizeram os cadastros, pegaram a nossa procuração e nem entrada no processo sequer deu. Nosso lençol freático está contaminado. Nós temos sede de justiça!” conclui Vera Lúcia Alves.
Assista ao vídeo do 29º Grito dos Excluídos e Excluídas em Ipatinga/MG
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