A Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, por meio do Projeto de Incidência na Pauta da Mineração (Pipam), lança a versão digital da cartilha “Estratégias de cuidado com a Casa Comum: rotas de enfrentamento à mineração em territórios explorados”. O material é resultado de um curso virtual, promovido pelo Pipam, que capacitou agentes para enfrentar os desafios da mineração em diversas regiões do estado.
O Pipam é um projeto que busca articular e fortalecer redes, coletivos, movimentos sociais e organizações que atuam no enfrentamento à mineração em Minas Gerais. Com foco na garantia de direitos de populações vulneráveis e nos processos de reparação em casos de desastres e violações de direitos humanos, o Pipam tem se destacado pela atuação incisiva em comunidades afetadas pela mineração.
Desde 2019, a Cáritas MG executa o Pipam com objetivo de incidir em prol da garantia de reparação integral aos atingidos e atingidas da Bacia do Rio Doce, da Bacia do Paraopeba e de outras comunidades atingidas pelas sirenes e acionamentos de planos de emergência, como Antônio Pereira, Macacos, Raposos, Itatiaiuçu, Conceição do Mato Dentro, Barão de Cocais e Paracatu. Mais recentemente, o projeto vem acompanhando e se envolvendo com debates sobre a mineração no Vale do Jequitinhonha, em regiões como Serro e Araçuaí.
Em 2020, o projeto realizou a pesquisa “Cáritas no cuidado da Casa Comum”, que investigou a relação das Cáritas diocesanas com a questão da mineração em Minas Gerais. Os resultados revelaram as graves consequências da presença de grandes empresas mineradoras atuando em diversas regiões do estado, como Anglo American, Vale S.A, Kinross, Samarco e Sigma Lithium.
Rotas de enfrentamento aos desafios da mineração
Com base no estudo, o Pipam ministrou o curso virtual “Estratégias de cuidado com a Casa Comum: capacitação para o enfrentamento à mineração”, que contou com a participação de 18 agentes Cáritas de diferentes dioceses, representando 11 entidades-membro da Rede. Durante os encontros, foram discutidas formas de articulação, estratégias de mobilização e o uso de ferramentas digitais para enfrentar os desafios da mineração.
A partir da abordagem de temas que se relacionam com as consequências da mineração nos âmbitos socioeconômico e ambiental, o material traça, em seu conteúdo, um caminho do contexto de aquecimento global e crise climática, passando pela responsabilidade da mineração nas alterações do clima, as desigualdades e até o “boom” da transição energética associada à exploração do lítio.
O material também apresenta uma sistematização dos casos apresentados pelos agentes Cáritas em territórios explorados pelas mineradoras: Montes Claros, Araçuaí, Leopoldina, Diamantina, Paracatu são apenas algumas das cidades de Minas Gerais forçadas a conviver com as profundas consequências provocadas pela mineração.
O lançamento da versão digital da cartilha representa mais um passo importante na luta contra as consequências da mineração em Minas Gerais. Através do compartilhamento de conhecimentos e experiências, a Cáritas Regional reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos das comunidades afetadas e com o cuidado da Casa Comum. Inicialmente lançado de forma virtual, a cartilha está disponível para acesso público por meio deste link.
Por Luísa Campos, da Cáritas Regional Minas Gerais