No decorrer de 2023, o forte calor e a falta de chuvas regulares colocou 63 municípios em estado de alerta no Norte de Minas. Na intenção de minimizar esses impactos, a Cáritas Regional Minas Gerais está realizando a entrega de 2.300 cestas básicas para apoiar famílias norte-mineiras em contexto de vulnerabilidade social que foram afetadas por longos períodos sem chuvas. A ação conta com o apoio da iniciativa Ajuda Humanitária, criada pela Fundação Banco do Brasil, com o objetivo de minimizar impactos de calamidades ou situações de emergência. A entrega de 1175 cestas básicas já foi realizada nos municípios de Januária, Pedras Maria da Cruz, São Francisco, através da coordenação da Cáritas Diocesana de Januária. Posteriormente, no início de março, 1125 cestas básicas vão ser entregues nos municípios de Montes Claros, Pai Pedro, Porteirinha e Espinosa, através da coordenação da Cáritas Diocesana de Montes Claros.
Os impactos da estiagem de quase dez meses na região foram mensurados pelo relatório agroecológico realizado pelo Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Minas Gerais (Emater/MG), que apontou um prejuízo de 1,8 bilhão no setor agrícola do Norte de Minas em 2023. A ribeirinha Maria Zulmira Pereira dos Anjos (41), moradora da comunidade da Ilha do Rodeador, em Pedras de Maria da Cruz (MG), afirmou que a ação veio em um momento muito importante para o seu território, pois no ano passado muitas famílias perderam suas lavouras devido a seca, até mesmo o nível do Rio São Francisco diminuiu bastante o que dificultou a pesca na região.
Entrega de cestas básicas para lideranças da comunidade da Ilha de Rodeador, de Pedras de Maria da Cruz. Foto: Sarah Gonçalves
De acordo com Valmir Lopes, agente da Cáritas Diocesana de Januária, a seca impactou diretamente as famílias pobres e de extrema pobreza, porque com a redução da produção da agricultura familiar consequentemente se diminuiu a oferta de alimentos mais baratos na região, o que aumentou o preço e acesso aos alimentos. De acordo com ele, o processo de compra dos produtos da cesta buscou priorizar alimentos de origem da economia solidária e da agricultura familiar: a farinha de mandioca e de peças de rapadura. Além desses itens, cada família recebeu um kit de higiene pessoal que contém um pacote de absorventes, e foi orientada pela equipe da iniciativa sobre a Campanha Nacional de Dignidade Menstrual e a possibilidade de adquirir o item de higiene gratuitamente pelo SUS.
Rapadura de origem da agricultura familiar. Foto: Sarah Gonçalves
Por Sarah Gonçalves, da Cáritas Diocesana de Januária.
Foto destaque: Entrega das cestas básicas em São Francisco. Foto: Arquivo Cáritas Januária