COLABORE

Cáritas realiza formação sobre comunicação no enfrentamento à mineração

Áreas de Atuação

A oficina foi promovida para contribuir com o conhecimento popular aos agentes Cáritas

Publicação: 29/06/2022


Foi realizada pela Cáritas MG, na última terça, 21, a formação “Comunicação no Enfrentamento à Mineração”, com o objetivo de promover discussões sobre comunicação popular em contexto de conflitos socioambientais causados pela mineração predatória. Participaram da formação, os agentes da Cáritas MG de Paracatu, Itabira, Nova Era, Governador Valadares, Barão de Cocais, Araçuaí, e Montes Claros, além das assessorias técnicas independentes de Mariana e Conceição do Mato Dentro. A ação foi ministrada pelas comunicadoras Kel Baster, do coletivo Intervozes, Joice Valverde, do Jornal A Sirene, e Carolina Moura, militante,  atingida pela mineração em Brumadinho e jornalista, que trouxeram reflexões importantíssimas a respeito do direito à comunicação. De forma virtual, o evento teve a presença de cerca de 60 pessoas e duração de 3 horas e 30 minutos.

Na contramão da hegemonia comunicacional existente no nosso país, os comunicadores que estão diretamente ligados à pauta da mineração incentivaram o debate e a ampliação do conhecimento popular para  toda a rede Cáritas MG. “Todo agente Cáritas é um agente de comunicação, são os ouvintes das pessoas atingidas. Parte fundamental do processo de comunicação, que vai além da produção de conteúdo”, reforçou Ellen Barros, comunicadora popular da Cáritas MG, em Mariana.

Kel Baster, comunicadora do intervozes e militante

Kel Baster foi a primeira palestrante da atividade e, em sua fala, abordou o recente caso do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, que foram brutalmente assassinados em terra indígena, no Vale do Javari, na Amazônia (AM). A partir disso, contextualizou o crime com a realidade das pessoas que trabalham fazendo frente à mineração. "A gente, hoje, é um país de risco para jornalistas e ativistas em direitos humanos, que tem um índice enorme de desinformação, de desorganização de notícias e notícias falsas”, acrescentou Baster.

A comunicadora destacou a importância da Lei de acesso à  informação, a “LAI”, nos dias atuais, como forma de empoderamento da mobilização popular e reivindicações da atuação do poder público  nas questões sobre mineração e outras frentes, como, por exemplo, o desmatamento da Amazônia e a transparência dos dados sobre os danos da pandemia de Covid-19.


Joice Valverde, repórter do Jornal A Sirene

Em seguida, a repórter do Jornal A Sirene,  veículo de comunicação das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, Joice Valverde, compartilhou algumas de suas experiências atuando como comunicadora popular junto às famílias atingidas que lutam há quase sete anos pela reparação justa e integral de suas perdas.  Ela relembrou alguns momentos que vivenciou no jornal e como é o processo de construção das pautas e matérias, fotografias e vídeos. “A gente senta, toma um café, escuta o que eles querem falar e a gente traduz junto”, acrescentou Joice.

Para ela, a mobilização é um dos instrumentos centrais da comunicação popular. “A mobilização está voltada para a garantia de direitos e é através dela que os interesses da comunidade ganham força e se tornam coletivos”. 


Carolina Moura, comunicadora popular e atingida de Brumadinho

Por sua vez, Carolina Moura, que  atuou como comunicadora popular na Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser),  em Brumadinho, trouxe reflexões sobre  novas possibilidades e caminhos em prol de uma contra narrativa na pauta do enfrentamento à mineração e ressaltou a importância do A Sirene no território atingido de Mariana, e citou uma das falas clássicas do Frei Beto “a cabeça pensa onde os pés pisam”.

Em sua fala final, Carolina relembrou sobre o “acordo de Escazú”, que visa proteger as pessoas que estão à frente de militâncias e ativismo. No Brasil, esse acordo chegou em 2018, mas ainda não foi discutido. 

Num segundo momento do encontro, foram divididos cinco grupos para discutir possíveis respostas para a pergunta: “Diante das discussões realizadas hoje e do chão que pisamos, quais seriam as limitações e potencialidades da comunicação popular no cotidiano de enfrentamento aos crimes da mineração?”. As pessoas participantes trouxeram reflexões finais sobre suas percepções e em uma das falas, Ellen Barros, deu a ver  uma perspectiva da  comunicação popular no enfrentamento aos crimes da mineração, um dos objetivos fim da formação, que é, inspirados em Paulo Freire, “fazer comunicação de forma a esperançar”.

A formação sobre comunicação no enfrentamento à mineração foi promovida no escopo do Projeto de Incidência na Pauta da Mineração, o PIPAM, da Cáritas MG, planejada e executada pelos comunicadores Ellen Barros, Francielle Oliveira, Júlia Militão, Lívia Bacelete , Silmara Filgueiras, Wan Campos e Wigde Arcangelo. 


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