"O Quilombo dos Direitos me permitiu conhecer os meus direitos e os meus deveres" Cassiane Coutinho, 19 anos. A fala da jovem quilombola Cassiane emocinou os participantes da mesa de abertura da celebração de encerramento das atividades do projeto Quilombo dos Direitos, realizado no Quilombo Buriti do Meio, no último sábado (07 de dezembro). Ali, lideranças da comunidade, professores, representantes da Cáritas Diocesana de Januária e educadores sociais que passaram pelo projeto tiveram a oportunidade de falar sobre os impactos positivos das ações realizadas ao longo dos últimos 10 anos.
Desde 2015, o projeto Quilombo dos Direitos é realizado pela Cáritas Diocesana de Januária através do apoio da KNH - Kindernothilfe, com o objetivo de defender e garantir os direitos sociais de crianças e adolescentes da comunidade de Buriti do Meio.
Durante a celebração foi construída uma memória sobre o processo de construção e realização do projeto através de uma peça de teatro apresentada pelas crianças e adolescentes da comunidade. Após esse momento, mães e pais compartilharam diferentes testemunhos sobre como o projeto beneficiou o território, através do fortalecimento da rede de artesanato local até a mobilização da educação de jovens e adultos. Para Meire Reis, coordenadora do Quilombo dos Direitos, o projeto deixa um legado sobre a importância do conhecimento sobre a proteção das crianças e dos adolescentes e a necessidade da mobilização coletiva para a garantia desses direitos.
Escola é território de direitos
"Hoje, nós conseguimos observar que a juventude da nossa comunidade se tornou protagonista na luta por direitos sociais". A fala do diretor escolar, Claudiomar Souza, abriu a roda de diálogo entre professoras e professores realizada no dia 11 de dezembro pela Escola Estadual Fazenda da Passagem Funda, localizada no Quilombo Buriti do Meio. A iniciativa da escola foi realizada com o objetivo de compartilhar a visão da comunidade escolar sobre os resultados alcançados no território através do projeto Quilombo dos Direitos.
"No espaço de 10 anos de atuação do projeto, nós conseguimos observar que hoje crianças e adolescentes conhecem os seus direitos e se tornaram protagonistas na luta pela denúncia e combate a violência sexual", refletiu Érica Mendes, vice diretora escolar. Além desses apontamentos, professoras e professores destacaram a importância do projeto no fortalecimento da identidade e cultura da comunidade; na realização dos ciclos de formações dedicados a educação contextualizada quilombola; e no fortalecimento das lideranças locais.
Após o diálogo, professoras e professores receberam uma edição do livro Teatro do Oprimido: na educação de jovens e adultos, de autoria do educador social e multiplicador do Teatro do Oprimido, Dimir Viana . A obra foi orientadora de uma das capacitações de educação contextualizada quilombola realizada para os professores e jovens da comunidade.