COLABORE

Cuidar da casa comum: Cáritas MG capacita agentes no enfrentamento à mineração e à mudança climática

Áreas de Atuação

Durante quatro meses, agentes Cáritas de diferentes regiões mineiras discutiram como aprimorar suas atuações na pauta.

Publicação: 29/09/2023


A rede Cáritas Regional Minas Gerais realiza formação para melhorar a atuação na luta contra as violações de direitos causadas pelos grandes empreendimentos minerários. Entre os meses de maio e julho, o curso “Estratégias para o cuidado com a casa comum: capacitação para o enfrentamento à mineração” contou com a participação de 18 agentes que atuam na pauta. Estiveram representadas pelos participantes 11 entidades-membros da rede, sendo as Cáritas Diocesanas de Almenara, Araçuaí, Itabia-Coronel Fabriciano, Januária, Leopoldina, Luz, Paracatu, Sete Lagoas e Teófilo Otoni, bem como as Cáritas Arquidiocesanas de Diamantina e Montes Claros. 

Ao longo das oficinas, foram discutidas formas de articulação, estratégias de mobilização e ferramentas digitais que auxiliam no enfrentamento à mineração, pensando essa ação como uma forma de cuidado com a casa comum. Cada módulo contou com a presença de representantes de movimentos sociais, religiosos  e agentes pastorais discutindo com os participantes os desafios da atuação na pauta, além de exemplos em que a luta teve impactos positivos na vida da população.

Maria Júlia Andrade, coordenação nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Joceli Andrioli, coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Raiara Pires, direção nacional e coordenação estadual do MAM, Frei Gilberto Teixeira, sacerdote franciscano, e Dom Vicente de Paula Ferreira, presidente da Comissão de Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram os nomes que palestraram durante o curso.

Os participantes realizaram atividades sobre seus territórios ao longo da formação no intuito de sistematizar a atuação da rede Cáritas no cuidado da casa comum, por meio do enfrentamento à mineração, no estado de Minas Gerais. O resultado desse trabalho subsidiará a criação de materiais para a incidência da rede na pauta da mineração.  

Mudanças climáticas e racismo ambiental

Ainda no intuito de aprimorar a atuação da rede nas pautas ligadas à área de atuação Meio Ambiente, Gestão de Risco e Emergências (MAGRE), a Cáritas MG promoveu a roda de conversa “Mudanças climáticas e racismo ambiental”, no dia 10 de agosto. Cerca de 50 agentes participaram da conversa conduzida por Larissa Vieira, assessora regional da Cáritas, e Simone Silva, integrante da Comissão de Atingidos e Atingidas de Barra Longa e militante do MAB.

Durante o encontro, foi refletido, também, sobre o impacto da mineração no meio ambiente e os conflitos socioambientais gerados pelos grandes empreendimentos. Simone Silva foi uma das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015. Ela é moradora de Barra Longa, cidade que teve seu centro urbano atingido pela lama de rejeitos de minério proveniente do rompimento. “A lama de rejeitos que estava na praça de Barra Longa foi retirada de lá e colocada no alto do morro, onde eu moro. Na época eu não sabia que isso tinha um nome: racismo ambiental. Quando fui obrigada a entrar na luta por ser uma pessoa atingida pela mineração, percebi que eu sofria racismo ambiental na pele", reflete Simone.    

As mudanças climáticas e o racismo ambiental são pautas que cada vez mais ganham espaço no debate público nacional e internacional. A relevância dessa discussão faz com que haja pressões externas para que organizações se posicionem frente ao assunto. No entanto, Larissa Vieira, também coordenadora do Projeto de Incidência na Pauta da Mineração (PIPAM), ressalta que essas questões já são tratadas e discutidas nas ações da rede Cáritas. Segundo ela, é possível buscar respostas para esse debate nos próprios territórios em que a rede atua. 

“Experiências espalhadas por todo mundo mostram que é possível viver de forma diferente do que nos é imposto pelo capitalismo e que são esses povos racializados, como é o caso dos povos indígenas, quilombolas, e outras comunidades tradicionais e culturas espalhados por todo o mundo que podem nos ajudar a vencer os desafios colocados para as mudanças climáticas”, reflete Larissa. 

O curso “Estratégias para o cuidado com a casa comum: capacitação para o enfrentamento à mineração” e a roda de conversa “Mudanças climáticas e racismo ambiental” são iniciativas do Projeto de Incidência na Pauta da Mineração (PIPAM) da Cáritas MG.

Tag