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É tempo de festa: Maria, Maria completa 25 anos

Áreas de Atuação

Tarde no abrigo é celebrada com reencontros e homenagens entre moradoras, ex-acolhidas e rede de proteção.

Publicação: 18/06/2025


Moradoras e Equipe Maria Maria

Moradoras e equipe do Maria Maria. Foto: Mia Vieira

O clima era de velas sopradas, reencontros e muitos sorrisos na tarde desta quarta-feira, 18 de junho, durante a celebração dos 25 anos do Maria, Maria. Participaram do evento moradoras, ex-acolhidas, agentes da Cáritas Minas, profissionais da assistência social da PBH, parceiros e representantes da rede de proteção, todos reunidos para celebrar uma trajetória marcada pelo cuidado e protagonismo feminino. 

Com o lema “Tradição e Acolhimento”, a programação reuniu apresentações musicais, mural de afetos e homenagens às mulheres que fazem parte da história do Maria Maria. Samuel da Silva, secretário da Cáritas Minas, abriu as falas destacando a importância de comemorar a data: “Esse é um momento de celebração, não só pelo espaço que existe, mas, principalmente, pelo espaço que resiste.”

Entre as conquistas celebradas, um dos avanços dos últimos anos foi a inclusão de mulheres trans no acolhimento. Para Cecília Ribeiro, assessora técnica da Cáritas Minas, a ampliação do atendimento reafirma o compromisso com os direitos humanos e com a construção de um espaço seguro e respeitoso para todas.

Uma mensagem especial foi enviada por Mamitchéska, mulher trans e ex-moradora do Maria Maria, relembrando o apoio recebido no abrigo: “Com vocês, encontrei amor, uma família, respeito e incentivo para seguir em frente. Tive trabalho, não me faltou nada. Se hoje estou no meu cantinho, na minha casa no Ceará, é graças a vocês. Estou feliz, estou em paz. Só tenho a agradecer.”

Outro passo importante na consolidação do espaço foi a implementação de uma metodologia mais estruturada. “O abrigo foi se transformando ao longo dos anos. Antes, era um lugar apenas de permanência, sem muita estrutura metodológica. Hoje, temos uma proposta baseada na autonomia e na construção de projetos de vida para as mulheres. Queremos que elas reconstruam suas vidas.”, pontuou Mari Batista, coordenadora do abrigo.

O evento também foi um momento para reafirmar compromissos e fortalecer parcerias. Mariana Brito, subsecretária de Assistência Social da Prefeitura de Belo Horizonte, destacou a importância da preservação do abrigo: “A gente luta agora pela ascensão do imóvel do Maria Maria, para conseguir melhorar a estrutura, fazer reformas, melhorar a cozinha… Isso só é possível através da política assistencial. Com investimento, a gente consegue transformar histórias”, declarou.

Apesar das conquistas, a coordenadora do abrigo reforçou que ainda há desafios pela frente, especialmente no atendimento a mulheres em situação de vulnerabilidade agravada por problemas de saúde mental: “Nosso desejo é que esses casos pontuais de saúde mental tenham um acompanhamento mais específico e que a gente seja uma ponte, não um lugar para elas permanecerem para sempre”, ressaltou.

Com o objetivo de responder a essas demandas, o Maria Maria tem ampliado sua atuação por meio da articulação com a rede de serviços públicos, como CRAS, CREAS e o Centro de Referência LGBT, além de parcerias com coletivos. “Nosso trabalho é diário, silencioso, mas fundamental”, afirmou Simone Moura, analista técnica do abrigo. Paralelamente, a Cáritas Minas, responsável pela gestão do espaço, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), mantém diálogo constante com o poder público e a rede de proteção para garantir a continuidade do serviço e aprimorar as estratégias de acolhimento. “Depois de muito tempo, os repasses estão acontecendo, o que permite um trabalho mais qualificado e efetivo. Seguimos firmes para que isso se mantenha e avance cada vez mais”, destacou Samuel.

Antes do parabéns, o Coral das Marias emocionou a todos com a canção que inspira o nome do abrigo, de Milton Nascimento. 

“Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que rí quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca, Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca possui
A estranha mania de ter fé na vida”, cantaram as Marias, em uníssono. 


Foto do Coral Maria Maria

Coral das Marias Foto: Wellington Oliveira

Sobre o abrigo

Inaugurado no dia 18 de junho de 2000, Maria Maria foi o primeiro equipamento público de Belo Horizonte, voltado exclusivamente para o acolhimento de mulheres em situação de rua ou em risco social. Desde então, o serviço vem se consolidando como referência no atendimento humanizado e na promoção da autonomia.

O serviço é executado pela Cáritas Regional Minas Gerais, em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), e funciona 24 horas por dia, com capacidade para acolher até 40 mulheres a partir dos 18 anos.

Entre 2018 e 2025, 145 mulheres foram acolhidas e acompanhadas pelo abrigo. Durante esse período, muitas acessaram cursos profissionalizantes, atendimento em saúde, apoio jurídico, regularização documental, além de ações para reconstrução de vínculos familiares e inserção no mundo do trabalho.

O funcionamento do abrigo se baseia na gestão participativa, em que as regras de convivência são construídas coletivamente com as moradoras. A prática do diálogo, do cuidado compartilhado e da corresponsabilidade fortalece os processos de autonomia e pertencimento.

Desenhos produzidos em atividade pelas moradoras do abrigo.

Desenhos produzidos em atividade pelas moradoras do abrigo. Arquivo Maria Maria

Informações de contato:

(31) 99470-0032 

republicamariamaria@pbh.gov.br 

Rua Ubá, 01, Colégio Batista - Belo Horizonte/MG

Por Mia Vieira , da Cáritas Regional Minas Gerais

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