Foto: Visita ao Ponto de Cultura Quilombo Artes, no Quilombo Buriti do Meio.
Pela 1ª vez, a agricultora familiar Geliane Sales teve a oportunidade de sair de sua comunidade para conhecer outros territórios. Nascida e criada em Várzea Grande, zona rural de Itacarambi, ela assim como outras 43 agricultoras e agricultores familiares de outras comunidades tiveram a oportunidade de conhecer estratégias de convivência com o semiárido mineiro através do intercâmbio de experiências realizado em São Francisco.
“Aqui, eu estou aprendendo muitas coisas importantes e diferentes sobre como cuidar das hortas, eu vou levar esse conhecimento para melhorar a minha produção e fortalecer a minha renda”, reflete a agricultora familiar, Maria Geralda Alves, da comunidade de Caraíba. De acordo com ela, o intercâmbio é um espaço muito importante porque compartilha experiências que de algum modo fortaleceram a vida de quem vive no campo. A iniciativa foi realizada entre os dias 6 e 7 de fevereiro no âmbito do Projeto 1 Terra e 2 Águas (P1+2), executado pela Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais. No decorrer dos dois dias de intercâmbio os participantes tiveram a oportunidade de conhecer diversas experiências no Quilombo Buriti do Meio e a Escola Família Agrícola (EFA) Tabocal. De acordo com Valmir Queiroz, coordenador do Projeto P1+2, o intercâmbio de experiências é uma das metodologias do Programa de Convivência com o Semiárido para fortalecer a construção coletiva do conhecimento a partir de uma perspectiva popular.
Foto: Participantes do intercâmbio conhecem a metodologia de ensino da EFA Tabocal, em São Francisco.
A agroecologia caminha com o maternar
O Projeto 1 Terra e 2 Águas tem priorizado atender primeiramente agricultoras familiares em contexto de extrema pobreza, que tem uma renda aproximada a R$168 reais por mês. A partir da iniciativa do projeto, elas têm a oportunidade receber uma cisterna de 52 mil litros para potencializar a produção de alimentos no território e um fomento dedicado à construção de um projeto produtivo familiar ou coletivo.
Adriana Silva, 35 anos, nasceu e cresceu na comunidade Brejo de Santana em Itacarambi (MG). Ali, ao longo da sua vida, ela teve poucas oportunidades de viajar e conhecer realidades diferentes do seu território. “Pra mim é muito importante estar aqui, no intercâmbio, aprendendo tantas informações importantes sobre a cultura quilombola e os cuidados com a terra em um ambiente acolhedor comigo e com a minha bebê”, reflete. Desde o processo inicial de construção do intercâmbio, a agricultura familiar e a filha Ayla Joane, de 7 meses, assim como outras 5 mães e suas crianças que são atendidas pelo projeto em Itacarambi foram incentivadas a participar da iniciativa.
Com objetivo de fortalecer ainda mais a participação das famílias no projeto, a partir de 2025, todos os processos de formação vão contar com um espaço de ciranda dedicado a acolher e cuidar das crianças da comunidade.
Programa 1 Terra e 2 Águas
Foto: Nelita e Zé Torino, agricultores familiares que ampliaram sua produção agroecológica a partir do acesso à água da cisterna para produção de alimentos.
Criado em 2007 pela Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), o P1+2 tem como objetivo implantar tecnologias sociais para potencializar a produção de alimentos, através da implementação da cisterna calçadão (52 mil litros) e cisterna enxurrada (52 mil litros). O Programa 1 Terra e 2 Águas (P1+2) é executado pela Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais nos territórios da zona rural de Januária, Itacarambi e São Francisco.
Por Sarah Gonçalves, comunicadora popular da Cáritas Diocesana de Januária.