No dia 21 de outubro, o rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, completou mil dias. A data foi um marco da impunidade do crime que tirou a vida de 272 pessoas, sendo que oito destas ainda não tiveram seus corpos localizados no mar de lama de rejeitos de minério. Além das perdas humanas, o rio Paraopeba foi poluído, florestas nativas foram degradadas e animais mortos. O que gera impactos na vida das comunidades tradicionais que possuem seus modos de vida atrelados ao afluente e ao território.
Apesar dos impactos causados, até o momento, nenhuma pessoa foi condenada e a Vale e a TÜV SÜD, empresa alemã que atestou a condição da barragem, continuam impunes. No dia 19 de outubro, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou a ação penal que tramitava perante a Justiça estadual, entendendo que o caso é de competência da esfera federal. Na prática, a decisão significa que todo o processo deverá começar do zero. No entanto, ainda cabe recurso da decisão.
A Comissão de Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em nota pública, se solidariza com as pessoas atingidas e exige justiça para as vítimas. A Comissão demonstra preocupação com a mudança de instância do caso. “O acompanhamento e a visibilidade do processo criminal certamente serão comprometidos, dificultando o acesso das pessoas que deveriam ser as protagonistas dessa luta por justiça: os(as) moradores(as) de Brumadinho”, diz a nota. Para ler o texto completo, clique aqui.
A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (AVABRUM) expressou em vídeo o que é estar há mil dias sem respostas e sem justiça. A sensação de impunidade é um sentimento que toma as pessoas atingidas. No entanto, esses mil dias são, também, de luta e resistência por parte dessas pessoas.