Marinete Neves é mãe de 4 filhos. Ela, assim como outras famílias da comunidade de Umburana, em Januária, estão sendo atendidos pelo Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, da Articulação Semiárido Brasileiro, o Programa 1 Terra e 2 Águas (P1+2). Com a chegada da segunda água do P1+2 em sua propriedade, Marinete tem esperança de cultivar uma horta e ampliar a produção de sua propriedade. Durante o processo de seleção, o P1+2 prioriza os lares chefiados por mulheres e em contexto da extrema pobreza com objetivo de promover a soberania e a segurança alimentar e nutricional através do acesso à cisterna de 2ª água e do fomento de crédito não devolutivo de 4.600,00 reais para implantação e fortalecimento da produção de alimentos.
No início de abril, o Programa 1 Terra e 2 Águas (P1+2), executado pela Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, deu início a um nova etapa de suas ações através da aplicação dos diagnósticos de agroecoecossistemas na propriedade das famílias atendidas pelo programa em Januária, Itacarambi e São Francisco. Durante o mês de março, a equipe do P1+2 teve a oportunidade de realizar um curso de capacitação de Aplicação de Diagnóstico de Agroecossistema, realizado pela AP1MC (Associação Programa Um Milhão de Cisternas para o Semiárido) no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha, com outros equipes que executam o P1+2 em Minas Gerais e Bahia. De acordo com Juliana Vieira, assessora técnica do P1+2 pela AP1MC, o diagnóstico é um instrumento de comunicação popular que nos permite construir o conhecimento da produção local a partir das informações da propriedade e também nos permite fortalecer a economia feminista, a partir do olhar e voz das mulheres da família.
Ao longo do processo de mobilização das famílias, no decorrer dos 18 meses do programa, são realizados 2 diagnósticos de agroecossistemas na propriedade para sistematização de informações sobre a composição familiar, produção local, comercialização de produtos e renda familiar. Valmir Lopes, coordenador do P1+2 pela Cáritas Brasileira Regional MG, reflete que o diagnóstico é um grande instrumento para construção do projeto produtivo da família, pois ele concilia o acompanhamento do projeto produtivo com o fomento financeiro. Essa metodologia é construída a partir do preenchimento de informações de um formulário do diagnóstico que sistematiza a composição familiar, renda, tamanho da propriedade, produção local, acesso à políticas públicas e renda do grupo familiar. Paralelo a esse processo, uma linha do tempo é construída para que a família possa levantar o histórico das vivências da família, a partir das relações construídas dentro e fora da propriedade. A partir desse diálogo o diagnóstico é finalizado com a construção de um mapa do agroecossistema desenhado pela família, onde são definidos os fluxos de produção local direcionados a comunidade, mercado e estado. O mobilizador social do P1+2 pela Cáritas Brasileira Regional MG, Johny José Magalhães, reflete que raramente as famílias têm acesso a uma assessoria técnica no seu processo diário de lida com a terra, o histórico familiar levantado pelas etapas do diagnóstico nos permite identificar as potencialidades e problemáticas da propriedade. "Quando a gente faz o diagnóstico com as famílias, com a linha do tempo, entrevista e mapa com os fluxos dos insumos e produtos, as pessoas passam identificar a produção local e se surpreendem com a riqueza que muitas vezes não é identificada no seu quintal", ele afirma.
A equipe técnica do programa P1+2, da Cáritas Brasileira Regional MG, está atendendo 132 famílias nos municípios de Januária, São Francisco e Itacarambi, no Norte de Minas.