COLABORE

Trilhando o fortalecimento da Economia Popular Solidária em Minas Gerais

Áreas de Atuação

Lideranças de empreendimentos solidários participam da primeira etapa do Ciclo de Formações em Minas Gerais.

Publicação: 06/09/2024


A Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, entidade de apoio e fomento, realizou no último fim de semana, dias 30 de agosto a 01 de setembro, o primeiro módulo do Ciclo de Formações: Trilhando o fortalecimento da Economia Popular Solidária. A atividade aconteceu no Recanto Marista, em Ribeirão das Neves, e reuniu aproximadamente 60 lideranças dos fóruns municipais, regionais e estadual de Minas Gerais. O objetivo principal das formações é capacitar os participantes com conhecimentos teóricos e práticos fundamentais para a promoção e desenvolvimento da economia solidária em seus territórios.

Foto: Flávia Carvalho - ONG Moradia

Foto: Flávia Carvalho - ONG Moradia. Renata Siviero assessorando o primeiro módulo das formações.

No primeiro módulo do Ciclo de Formações, com o tema “O início da trilha: Introdução à Economia Popular Solidária”, a assessora convidada, Renata Siviero Martins, doutoranda no programa de Extensão Rural na Universidade Federal de Viçosa, trabalhou os conceitos-chave da Economia Popular Solidária, contextualizando sua importância no cenário socioeconômico atual. Os participantes tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre os princípios e valores que sustentam essa economia, como a autogestão, a cooperação, e a justiça social.

“É crucial contribuir para os empreendimentos da Economia Popular Solidária (EPS) na compreensão dos conceitos fundamentais dessa proposta de “outra” economia, incluindo sua história, práticas e importância social. O objetivo é promover a construção de um modelo econômico mais justo e inclusivo. Além disso, é fundamental analisar o cenário econômico, social e político atual para entender como as condições e eventos recentes influenciam diversos aspectos da sociedade”, destaca a assessora.

Para Renata, é fundamental analisar o cenário econômico, social e político atual para entender como as condições e eventos recentes influenciam nos diversos aspectos da sociedade: “É importante examinar as mudanças estruturais e seus impactos na vida cotidiana, na economia e nas políticas públicas. É essencial diferenciar claramente o modelo econômico neoliberal da proposta da EPS, destacando os desafios a serem enfrentados e as estratégias para transformar as realidades territoriais, impactando tanto no âmbito estadual quanto nacional”, avalia.

O módulo inicial foi estruturado de forma participativa, utilizando metodologias que incentivaram o diálogo e a troca de experiências entre os participantes. Rodas de conversa e dinâmicas de grupo permitiram que os presentes compartilhassem suas vivências e construíssem coletivamente soluções para os desafios enfrentados em seus territórios.

Kelbia Cristine, integrante da Coordenação do Fórum Municipal de Contagem e compõe a regional Metropolitana, destaca a importância das trocas de experiências e das relações de fraternidade vividas no movimento: “É sempre bom a partilha e a fraternidade desde coletivo, a troca de sabores e afeto através de abraços apertados e sorrisos abertos. Queria agradecer as companheiras que sempre enriquecem nossos encontros com vivência e reflexões para construírmos uma Economia Solidária justa igualitária e democrática para todos”.

Refletindo a realidade do dia a dia da Economia Solidária, a formação contou com a presença massiva das mulheres, que protagonizaram reflexões importantes para o desenvolvimento e fortalecimento dos empreendimentos. Para Renata Siviero, muitas das iniciativas da EPS têm sido lideradas por mulheres, que desempenham um papel decisivo na construção de um modelo econômico mais justo e inclusivo. “É crucial abordar os desafios que as mulheres enfrentam dentro desse contexto. Questões como desigualdades de gênero, acesso desigual a recursos e oportunidades, e falta de reconhecimento são preocupações significativas. Muitas mulheres lidam com a sobrecarga de responsabilidades domésticas e de cuidado, o que pode limitar seu tempo e energia para se dedicar plenamente aos empreendimentos, às reuniões e às formações, destaca.

Segundo a assessora, a Economia Solidária tem o potencial de contribuir para a redução das desigualdades de gênero ao criar ambientes mais inclusivos e cooperativos, onde as mulheres podem se destacar e ter uma voz ativa. “É importante continuar destacando o papel das mulheres na EPS e trabalhar para superar os desafios que elas enfrentam, promovendo um espaço mais equitativo e sustentável para todas e todos”, reflete.

Foto: Gabiroba Comunicação

Foto: Gabiroba Comunicação

As formações serão realizadas em quatro encontros modulares, onde serão trabalhados conteúdos que possam contribuir na ampliação da capacidade organizativa de atuação tanto nos empreendimentos, como também nos fóruns municipais, regionais e estadual. O segundo módulo será realizado nos dias 11 a 13 de outubro com o tema “Organização da produção e sustentabilidade”.

O Ciclo de Formações “Trilhando o fortalecimento da Economia Popular Solidária” faz parte do projeto “Ações de Apoio e Fortalecimento do Movimento de Economia Popular Solidária em Minas Gerais”, uma parceria entre a Cáritas Minas Gerais e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (SEDESE), através do Termo de Fomento nº 1481002353/2023.


Fórum Mineiro de Economia Popular Solidária

O Fórum Mineiro de Economia Popular Solidária, criado em 1995, tem sido uns dos principais espaços de formação, organização e articulação do movimento de EPS no estado. A partir dos processos nele construídos, foram constituídos os fóruns regionais, cujo objetivo tem sido articular os diferentes segmentos de EPS nas regiões do estado. Atualmente, o movimento de economia solidária em Minas Gerais conta com 18 regionais.

Norteados pelos princípios da economia solidária, esses fóruns são também espaços de participação e empoderamento, fortalecimento e articulação da luta política, deliberação e representação do movimento da Economia Popular Solidária na esfera pública. Espaços de formação, articulação e organização que possibilitam a construção de estratégias de ações voltadas para o desenvolvimento local e regional. Importante dizer que nesses espaços têm-se um olhar atento para a sustentabilidade dos empreendimentos econômicos solidários, o fomento de redes de produção, de prestação de serviços, de distribuição, comercialização e consumo, compras coletivas, de cooperativas e novos desenhos de políticas públicas e sociais. Como os demais fóruns, trata-se de um movimento não apenas reivindicativo, mas também propositivo e gerador de renda, pautando ao poder público, políticas públicas de fomento e de desenvolvimento sustentável.

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