Foto: Maria Luisa Sousa/Cáritas ATI Mariana
Ao longo da atuação como Assessoria Técnica Independente (ATI) em Mariana, a Cáritas acompanha as ações das pessoas envolvidas no processo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. Na noite de segunda-feira (15/05), o escritório da instituição abriu suas portas para receber o encontro das Comissões de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Zona Rural. A atividade foi um momento importante para a organização comunitária e teve como objetivo fortalecer o vínculo entre os membros e projetar incidência coletiva, tanto no debate quanto nas tomadas de decisão em diferentes aspectos.
O evento foi espaço de fala e escuta. Em partilha, quem por ali passou deixou e levou algo. Na ocasião, cada pessoa foi convidada a dizer o que quisesse, com a recomendação que escolhesse ao final uma palavra. Reencontro, esperança, justiça e amor, foram termos que apareceram mais de uma vez, indicação do que move e dá força a luta.
As comissões são ferramentas importantes na luta, considerando que as comunidades atingidas devem protagonizar o processo e que as organizações são representantes dessas comunidades em diversos espaços. Diante disso, a Cáritas incentiva a participação das pessoas atingidas em reuniões e encontros para que possam se inserir de forma articulada na busca pela reparação.
Desde a formação das comissões em 2015, os membros que se envolvem são agentes ativos na luta que têm suas rotinas alteradas pelas inúmeras demandas e compromissos. É notável que as conquistas ao longo destes quase oito anos são fruto do trabalho das comissões, eleitas e legitimadas pelas comunidades desde o início das negociações. Cada membro é uma parte importante no caminho pela justiça.
Ainda no encontro, representantes das comissões preencheram um grande tecido com as indicações dos territórios atingidos. Ao lado de cada nome, elementos demonstraram o desejo e o desabafo que carregam no peito. A capacidade de redesenhar um lugar com respeito por tudo que veio antes e de sonhar a continuação da vida, simbólica manifestação que emergiu no encontro das comissões.
Por Maria Luísa Sousa, da Assessoria Técnica Independente em Mariana.
Fotos: Maria Luísa Sousa/Cáritas ATI Mariana