COLABORE

Atingidos de Mariana protestam contra a exclusão de moradores no reassentamento de Paracatu de Baixo

Áreas de Atuação

Quase sete anos desde o crime da barragem da Samarco, atingidos lutam pelo direito à moradia

Publicação: 04/07/2022


Na manhã de ontem e hoje, (30/06 e 1º/07), atingidas e atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão manifestaram pelo segundo dia consecutivo na estrada que dá acesso ao reassentamento da comunidade de Paracatu de Baixo. Com faixas e cartazes de palavras de ordem, o protesto durou cerca de 38 horas, “enquanto não resolver o caso dessas famílias que não tiveram nem o projeto da casa feito, não vamos parar”, enfatizou Romeu Geraldo, atingido de Paracatu de Baixo.    

As pessoas atingidas ocuparam a rodovia durante a madruga dos dias 30/06 e 1º/07. Foto: Alice Silva

A manifestação foi motivada pela falta de inclusão de moradores no reassentamento e o descaso, por parte da Renova, em garantir a reparação justa e integral a todas as pessoas atingidas. “O que eu venho cobrando da Fundação Renova, nestes quase sete anos, é que eu tenho direito à minha casa lá no reassentamento. Eu quero voltar para o reassentamento com a minha comunidade [Paracatu de Baixo], onde nasci, cresci e corri da lama no dia do rompimento”, desabafa Arlinda da Silva, uma das atingidas que não têm recebido o atendimento adequado  pela Fundação. 

A atingida ainda contou que vem recebendo ligações da Fundação Renova, a qual oferece a reparação em pecúnia (dinheiro) como forma de restituição do direito à moradia. “Eu deixei claro, desde o início, que eu não quero dinheiro”, afirmou. Durante a manifestação, a Renova não apresentou respostas conclusivas no que diz respeito ao atendimento das famílias na modalidade reassentamento coletivo e encaminhou uma reunião com ela e outros atingidos presentes que também se manifestavam no momento. “Enquanto eles não fizerem o projeto da minha casa, eu não vou parar de lutar”, reafirmou a atingida.


Dezenas de ônibus parados na BR, enquanto atingidos reivindicavam o direito de ter suas casas de volta. Foto: Alice Silva

Em setembro de 2021, a Fundação Renova inaugurou o “primeiro tijolo” de uma das cerca de 90 casas e 11 equipamentos coletivos que serão reconstruídos no reassentamento de Paracatu de Baixo. Até o momento nenhuma casa foi entregue às famílias a serem reassentadas coletivamente. Por decisão judicial, os dois reassentamentos das comunidades de Mariana atingidas pela lama de rejeitos tóxicos da Samarco, Vale e BHP, em 2015, deveriam ter sidos entregues no dia 27 de fevereiro de 2021 e, até hoje, nenhuma multa foi aplicada. 489 dias se passaram, desde a última decisão, e as pessoas atingidas precisam ir às ruas para reivindicar a garantia de seus direitos e a celeridade na construção de suas casas. 

A Cáritas MG vem acompanhando inúmeros descumprimentos das diretrizes relativas ao processo de restituição da moradia. A organização reitera o seu comprometimento com a luta, considera legítimas as reivindicações das pessoas atingidas e reafirma que sempre mantém o compromisso com os atingidos.


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