No dia 14 de setembro, representantes das comunidades atingidas da Zona Rural de Mariana estiveram presentes em Paracatu de Cima para a realização de um Grupo de Base (GB). Participaram representantes das comunidades do Borba, Campinas, Paracatu de Baixo, Paracatu de Cima, Pedras e Ponte do Gama. A reunião teve como objetivo incentivar o diálogo sobre as principais demandas em comum entre as comunidades, e marcou a retomada dos GBs na Zona Rural promovidos pela Cáritas MG|ATI Mariana.
A atividade foi importante para reforçar o compromisso da Cáritas MG|ATI Mariana com as necessidades das pessoas atingidas e também para o fortalecimento dos vínculos entre as comunidades. Na ocasião, foi possível perceber que ainda existem diversas pendências no processo da reparação integral na Zona Rural, algumas específicas e outras comuns a todas as comunidades. Para o início dos debates, assessores da Cáritas apresentaram três pautas, com o atual cenário do manejo de rejeitos, da retomada produtiva e a situação das estradas. Para além dessas demandas, que as comunidades consideraram de forma unânime que são centrais para a reparação integral de seus territórios e modos de vida, outros temas foram apontados.
Abastecimento e tratamento de água, acesso à saúde, acesso à educação, telefonia e internet, obras do campo de futebol em Pedras, segurança do complexo esportivo em Ponte do Gama, questões de direito de uso de imagem — temas estes negligenciados pela Fundação Renova citados pelas comunidades atingidas da Zona Rural durante o GB. Muitos destes tem se agravado ao longo dos anos pela ausência de reparação, dando continuidade às violações de direito após quase 8 anos do desastre-crime.
Foto: Quel Satto/Cáritas MG|ATI Mariana
Diante das demandas apresentadas pelos presentes, é possível afirmar que a reparação nos territórios de Mariana, além de desigual, ainda está distante de ser finalizada. Os relatos evidenciam que é necessário a escuta das comunidades atingidas, por parte dos responsáveis pela execução dos programas de reparação, para que as ações estejam alinhadas às reais necessidades. No final do GB, foi salientado que diante do caminho a ser trilhado para a reparação integral, as comunidades seguem firmes na luta pelos seus direitos.
É importante ressaltar que o Grupo de Base também foi uma forma de agrupar as demandas e contrapor o discurso da Fundação Renova de que não existem mais pautas a serem debatidas com as comunidades da Zona Rural - um posicionamento dado em ofício enviado para a Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), como resposta a pedido de realização de Grupo de Trabalho (GT) com a Zona Rural. Por isso, como principal encaminhamento tirado da reunião, as comunidades decidiram oficiar novamente a Fundação Renova e a gestão municipal para realização de um GT sobre as pendências da reparação na Zona Rural. Segundo o deliberado no GB, a primeira reunião do GT terá como pautas o asfaltamento e manutenção das estradas, abastecimento e tratamento de água, e o acesso aos serviços públicos de saúde. Essas são necessidades comuns a grande parte das comunidades atingidas, e seguem sem resolução. Por isso, foi considerada urgente a retomada das reuniões com a Fundação Renova e outros atores responsáveis pela efetivação das medidas de reparação para os atingidos.
Foto: Quel Satto/Cáritas MG|ATI Mariana