"Comunicação popular na construção da sociedade do Bem Viver" foi o tema que inspirou o Encontro da Rede de Comunicadoras e Comunicadores Populares da Cáritas Minas Gerais, realizado nos dias 06 e 07 de outubro, em Mário Campos. Com a participação de 25 comunicadores de todo o estado, o encontro contou com espaços de partilha e de formação.
Momento de encontro presencial, de trocas de experiências, consolidação de vínculos e de referências entre os comunicadores populares da rede Cáritas mineira, a atividade também contou com a participação de comunicadores das articulações e organizações parceiras: Articulação Semiárido de Minas Gerais (ASA Minas), Articulação Mineira de Agroecologia (AMA), CNBB Regional Leste 2 e Renser (Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário, da Arquidiocese de Belo Horizonte).
Para secretário regional da Cáritas Minas Gerais, Samuel da Silva, a comunicação popular tem que ser democrática de fácil acesso. Ele destaca que a comunicação é uma ferramenta fundamental pois ajuda a diminuir as distâncias, a propiciar que a Boa Nova chegue a mais pessoas, principalmente àquelas e àqueles que, além de serem excluídos economicamente e socialmente, são também excluídos do acesso às informações. “A mensagem do Bem Viver precisa estar ao alcance de todas e de todos, inclusive as práticas de resistência construídas nas comunidades necessitam também ser amplificadas, rompendo as cercas impostas pelos oligopólios e monopólios impostos pelo sistema capitalista”, afirma.
Comunicadores poulares da Cáritas Minas Gerais se reúnem para encontro de partilha de experiências e formação.
Além de fortalecer a articulação da rede de comunicadores, o encontro também buscou instrumentalizar seus integrantes para um melhor desenvolvimento nos trabalhos comunicacionais nas entidades-membro, em especial, nas produções de imagens por meio da fotografia e nos conteúdos para as redes sociais.
Outro objetivo importante do encontro, foi a reflexão sobre a construção de narrativas da sociedade do bem viver em tempos e momentos de emergências e eventos climáticos extremos. Diante dos grandes desastres socioambientais, a Comunicação, sobretudo a construída em Rede, em parcerias, é fundamental para garantir uma grande e ampla produção de conteúdos a partir da realidade das pessoas atingidas por esses eventos. Tendo como exemplo as fortes chuvas que acometeram Minas Gerais e Bahia no início desse ano, o Encontro buscou discutir as estratégias em rede para que, por meio da comunicação, seja possível garantir visibilidade e gerar sensibilização para as dores dos que são atingidos, mas principalmente construir relação direta dos desastres com o modelo econômico exploratório, que avança nos territórios e desestrutura os bens ambientais e aprofunda a situação de vulnerabilidades de um grande contingente de pessoas. Portanto, a comunicação estratégica, colaborativa e do bem viver é potente para apoiar na ampliação da consciência da sociedade e realizar os enfrentamentos para combater o que está em jogo no cuidado com a Casa Comum.
Durante a atividade, a assessora de comunicação da Assessoria Técnica Independente à população atingida de Mariana Cáritas MG, Ellen Barros, destacou a importância de atuar com uma comunicação em rede: “entendemos que a Cáritas Regional, principalmente como grande animador dessa rede, tem esse olhar e esse cuidado, mas quando traz para o presencial, convoca a todos nós a termos esse mesmo olhar e esse mesmo cuidado com a rede”.
A programação contou com Oficina de Fotografia e Edição Fotográfica no Celular, ministrada pelo jornalista e fotógrafo Valdemir Cunha, e com Oficina de Redes Sociais, realizada pela assessora de comunicação da Cáritas Brasileira, Indi Gouveia. A análise de conjuntura teve a condução de Ana Carolina Vasconcelos, do jornal Brasil de Fato MG, e de Osnilda Lima, da comunicação da 6ª Semana Social Brasileira. E a assessora de comunicação da Cáritas Brasileira, Paula Lanza, realizou apresentação sobre a Comunicação na rede Cáritas.
Segundo Indi Gouveia, da Cáritas Brasileira, a comunicação popular é um caminho para evidenciar denúncias, mas principalmente para anunciar qual o tipo de sociedade a Cáritas defende. “Não se constrói uma sociedade do Bem Viver sem reverberar a diversidade de vozes que ecoam, principalmente daqueles e daquelas que mais estão em situação de vulnerabilidade”, afirma.
O encontro foi realizado com apoio da ADVENIAT no âmbito do projeto: Formação e comunicação no que se refere às ações emergenciais e de prevenção a desastres, assessorando as diversas iniciativas e ações emergenciais.