Aconteceu na tarde do último sábado, dia 23 de julho, o Encontro Regional de Formação do Movimento Negro, que teve acolhida na cidade carinho de Ubá, com a participação dos municípios de Leopoldina, Cataguases, Muriaé, Piraúba, Tocantins, Viçosa e Paula Cândido. Com assessoria de Martvs das Chagas, ex-ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), ex-vice-presidente da Fundação Cultural Palmares e atual secretário de Planejamento e Orçamento do município de Juiz de Fora, o encontro teve como tema “O Negro e a atual conjuntura brasileira” e como lema “Um olhar do presente em direção ao Futuro”.
Estiveram presentes representações e lideranças de movimentos sociais, culturais, sindicatos, associações, estudantes, educadores(as), partidos políticos, agentes pastorais negros, da Cáritas Diocesana de Leopoldina e das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Estes três últimos segmentos compõem a articulação do evento juntamente com a Associação Cultural de Combate à Discriminação Racial Solano Trindade (AST) de Ubá, principal organizadora da atividade, que também conta com lideranças históricas das CEBs na região.
Encontro de Formação do Movimento Negro marca a rearticulação do Movimento Negro no território da Zona da Mata mineira.
Após a mística de acolhida e abertura, Martvs fez uma análise histórica do advento do racismo em suas múltiplas manifestações e das teorias, ideologias e sistema político que o sustentam, bem como seus efeitos na vida da população negra. Em sua análise de conjuntura, o secretário refletiu sobre as recentes políticas de promoção da igualdade racial, que tiveram êxitos, ainda que tímidos, entre os anos 2003 e 2015, quando a gestão federal teve à frente um governo que, mesmo com tensões, tinha um compromisso com a pauta da inclusão racial.
Segundo Martvs, após o golpe de 2016, governos sem compromisso com as causas sociais causaram o completo retrocesso dessas pautas, tendo como uma de suas consequências o retorno da fome, que vitima com maior intensidade a população negra. A saída dessa tragédia, sinalizou ele, passa pelo voto nas eleições deste ano, mas também pela permanente mobilização e participação política de todos e todas.
Na oportunidade, foi entregue a Martvs, que integra a equipe de plano de governo de uma das coligações em disputa ao governo federal, a Carta de Ubá, com 13 propostas de compromissos antirracistas, elaboradas pela organização e participantes do evento. Leia AQUI a Carta de Ubá.
O encontro teve a assessoria de Martvs das Chagas, atual secretário de Planejamento e Orçamento do município de Juiz de Fora.
Após a contribuição de Martvs, foram realizadas discussões, trabalhos em grupo e a recepção de mais representações para integrar a equipe de articulação regional do Movimento Negro. Em alusão ao Dia da Mulher Negra, Caribenha e Latino-Americana – 25 de julho, instituído oficialmente no Brasil pela Lei 12.987, em 2014, como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, os grupos de trabalho, denominados Mocambo, levaram os nomes de importantes lideranças negras femininas, entre elas: a própria Tereza de Benguela, Lélia González, Tia Ciata, Laudelina de Campos Melo e Marielle Franco. As vidas e lutas dessas mulheres foram lembradas como fontes de inspiração para a causa antirracista. Também se relembrou os 114 anos de nascimento de Solano Trindade, poeta, pintor, folclorista, ator, teatrólogo, cineasta e militante do Movimento Negro, nascido em 24 de julho de 1908 e falecido em 1974, cuja entidade principal promotora do Encontro Regional, em Ubá, leva seu nome.
Ao final da programação, os participantes definiram que a cidade de Leopoldina irá sediar a próxima atividade de formação. O Encontro Regional em Ubá marca a rearticulação do Movimento Negro no território da Zona da Mata mineira.
Por Wagno da Rocha Antunes, do Movimento Negro de Leopoldina e Regional, Cáritas Diocesana e CEBs