A rede Cáritas Minas Gerais se reuniu entre os dias 26 a 28 de julho para monitorar o andamento das ações planejadas para o ano de 2024. O encontro aconteceu na cidade de Mário Campos(MG) e contou com a presença de mais de 50 agentes Cáritas, representando 13 entidades-membro, além dos secretariados regional e nacional.
Na noite de sexta-feira, primeiro dia do encontro, a equipe de assessoria do secretariado regional preparou um momento de oração e memória à companheira Lívia Bacelete, que durante anos se dedicou de maneira comprometida às ações da instituição. Lívia nos deixou fisicamente em março desde ano e segue como grande referência para a comunicação popular na rede Cáritas de todo o Brasil.
Na manhã seguinte, o momento de formação refletiu sobre a atuação da Cáritas em diferentes cenários frente às emergências climáticas. Lucas D’Avila, coordenador da área de atuação em Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências (MAGRE) da Cáritas Brasileira, conduziu o debate sobre o tema “Crise Climática e a Construção da Sociedade do Bem Viver”. Para ele, a humanidade tornou-se uma geradora de riscos à Casa Comum, uma vez que tende a naturalizar a ocorrência de desastres, como se fossem uma manifestação do próprio planeta ou ainda um “castigo divino”, quando na verdade respondem à ação humana irresponsável em nome de uma lógica de sociedade que degrada não só o meio ambiente, como também viola os modos de vida tradicionais, as ancestralidades e os territórios. Lucas apresentou números que exemplificam estes impactos e como eles são fundamentados nos espaços de debates geopolíticos mundiais, como a COP30 (30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas), que acontecerá em novembro de 2025 em Belém(PA), com a participação da Cáritas Brasileira.
Para somar ao debate sobre crise climática, a Secretária Executiva da Cáritas Regional Rio Grande do Sul, Jacira Dias, participou de forma remota para apresentar o panorama atual e compartilhar a sua experiência pessoal como atingida pelas enchentes que assolaram o estado durante os meses de abril e maio deste ano. Jacira exibiu dados da Defesa Civil e imagens de como as cidades gaúchas ficaram durante e após o desastre climático, com consequências vivenciadas ainda hoje. A rede Cáritas promoveu, a partir das metodologias de emergências e gestão de riscos, campanhas de enfrentamento à catástrofe socioambiental e de apoio às famílias atingidas no Rio Grande do Sul.
A formação contou também com a participação do agente Cáritas de Montes Claros, Aldinei Leão. Convidado para falar sobre “O Direito ao Território e o Direito da Natureza: experiências de construções legislativas no Norte de Minas”, Aldinei trouxe contribuições sobre as conquistas dos Povos e Comunidades Tradicionais na região e relembrou o processo de incidência política feito pela Cáritas Minas Gerais nos municípios mineiros de Porteirinha, Nova Porteirinha e Serranópolis de Minas, que culminou na aprovação das leis municipais que reconhecem o rio Mosquito como sujeito de direitos. Esta é uma conquista pioneira em Minas Gerais e foi possível a partir da mobilização popular e construção coletiva da Cáritas e entidades parceiras junto às comunidades.
Aldinei Leão, agente Cáritas de Montes Claros, fala sobre as experiências de mobilização em defesa dos direitos da natureza no Norte de Minas.
Dando sequência a programação, a rede Cáritas iniciou a etapa de monitoramento do ciclo de PMAS. Em grupos, foram analisadas as ações planejadas dentro das Áreas de Atuação priorizadas em Minas Gerais , sendo elas, Economia Popular Solidária (EPS); Formação; Voluntariado; Meio Ambiente, Gestão de Riscos e Emergências (MAGRE); Segurança Alimentar e Nutricional (SAN); e Infância, Adolescência e Juventude (IAJ). A metodologia de monitoramento consistiu na compreensão das etapas que já foram encaminhadas em cada ação proposta e a viabilidade de execução para o 2º semestre. Após a partilha das reflexões, novos grupos foram formados para análise e partilha das ações, agora daquelas planejadas para as Áreas de Gestão da instituição. Sendo assim, os grupos se debruçaram sobre as áreas de Sustentabilidade; Comunicação; Formação e Cáritas é Igreja. Após os trabalhos, os agentes Cáritas encerraram o dia com um momento de oração e, na sequência, desfrutaram de um momento de confraternização com a temática julina.
Já no último dia do encontro, a rede discutiu a importância dos Espaços Auxiliares de Gestão para a garantia de uma gestão compartilhada em toda a Cáritas, baseada nas estratégias e ações definidas pelo Plano Operacional Anual (POA) e trabalhadas de forma coparticipativa por diferentes instâncias da rede. Os assessores técnicos do regional, responsáveis pela animação destes espaços, apresentaram de forma objetiva os seguintes Comitês e Grupo de Trabalho: Sustentabilidade; Comunicação; Formação; Cáritas é Igreja; Voluntariado e GT de Assistência Social.
Samuel da Silva, Secretário Executivo da Cáritas Regional Minas Gerais, destaca a importância do encontro como um momento de integração e alinhamento das ações da rede com missão da Cáritas: “Os ciclos de PMAS têm sido momentos e processos extremamente importantes para a rede Cáritas no Brasil melhor pensar e fazer sua ação para alcance de sua missão, que é estar ao lado daquelas e daqueles que mais sofrem. O monitoramento, etapa importante do ciclo PMAS, tem fundamental importância para nosso olhar avaliativo do que fizemos no primeiro semestre e, caso seja necessário, replanejar algumas atividades para o segundo semestre. Nosso encontro neste final de semana mostrou a força da rede nas terras das Gerais e das Minas”.
O PMAS - Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização, compreende um conjunto de procedimentos e instrumentos visando à gestão integrada dos processos que orientam a prática realizada pela Cáritas. A rede mineira volta a se encontrar no mês de dezembro para realizar a etapa de avaliação das ações desenvolvidas ao longo do ano.