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Atingidos se unem em ato por justiça e em memória aos mortos pelos crimes da mineração

Áreas de Atuação

Durante ato pela reparação dos crimes nas Bacias do Rio Doce e Paraopeba, ministro anuncia criação do Conselho Nacional de Política Mineral

Publicação: 30/01/2023



Na presença do ministro de Minas e Energias, entre outras autoridades, mulheres atingidas exigem reparação justa e integral.

Na manhã de 25 de janeiro, dia em que completaram 4 anos do desastre-crime da Vale em Brumadinho, Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energias anunciou a criação de um Conselho de Política Mineral em encontro com atingidas e atingidos das Bacias do Rio Doce e Rio Paraopeba, na Faculdade de Direito da UFMG, em Belo Horizonte.  “Vamos tirar do papel, finalmente, o Conselho Nacional de Política Mineral, garantindo a participação dos produtores afetados, bem como, e fundamentalmente, da sociedade civil organizada, instituições acadêmicas e dos movimentos sociais”. Ele destacou a necessidade de evitar novos desastres, afirmou a importância desse Conselho na implementação das políticas públicas que garantam o aperfeiçoamento dos mecanismos legais de segurança e o desenvolvimento sustentável da atividade de mineração do Brasil. “Não existirá possibilidade, no nosso país, de qualquer política mineral tolerante. São princípios desse governo a segurança e o respeito à vida na exploração de atividades que tragam desenvolvimento nacional”.

O ministro afirmou ainda que o governo federal está comprometido com processos de reparação e com a justiça para as pessoas atingidas, inclusive incidindo sobre o processo de repactuação dos acordos da Bacia do Rio Doce. Mônica dos Santos, atingida de Bento Rodrigues e membro da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), de Mariana, faz um apelo: “Gostaria de convidá-los, antes de qualquer assinatura de acordo, a pisar no território atingido, a ir à Bento Rodrigues, à Paracatu, a conversar com os atingidos para ver o que estamos passando nesses sete anos”, e completa: “Repactuação, como o próprio nome já diz, é porque os outros acordos não foram efetivos. Tem um motivo para isso: é porque não teve a nossa participação, porque nós não fomos ouvidos”.

Ainda durante sua fala no ato Mônica evidencia o descaso e as injustiças que culminaram na repetição do desastre-crime: “Se as autoridades, o judiciário, as pessoas que têm competência para fazer alguma coisa, tivessem nos ouvido, Brumadinho não teria perdido 272 jóias”. Na ocasião, todos aqueles que morreram nos últimos sete anos, sem que pudessem ver reparados seus direitos, foram lembrados. “As pessoas estão morrendo aos poucos sem serem indenizadas, sem serem reassentadas”, indigna-se a atingida. Em homenagem às vítimas fatais dos rompimentos das barragens foi feito um minuto de silêncio. 

No dia 05 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, Vale e BHP, matou diretamente 19 pessoas, provocou um abortamento, gerou deslocamento compulsório e destruiu a Bacia do Rio Doce. Pouco mais de três anos depois disso, em 19 de janeiro de 2019, o rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão, da reincidente Vale, matou 272 pessoas, também provocou um abortamento e devastou a Bacia do Rio Paraopeba. O ato unificado reuniu comunidades atingidas das duas bacias hidrográficas, gritando em uníssono por reparação integral. Para Luzia Queiroz,  atingida de Paracatu de Baixo, “é como se tivesse vivenciando o desastre de 2015 de novo. Quando,  na conquista da Assessoria Técnica, fizemos atos como este, na luta por nossos direitos. A CABF e outros atingidos de Mariana se juntam hoje em solidariedade às pessoas atingidas pela Vale na bacia do Paraopeba".


Crianças atingidas das bacias do Rio Doce e Rio Paraopeba marcam presença em ato pela reparação integral

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, mandou uma carta lida por Carla Magalhães, membro da coordenação colegiada da Cáritas MG: “Que possamos renascer de Mariana e Brumadinho, do Pantanal e da Amazonia".

Estiveram presentes outras autoridades como Luísa Dulce, representante da Secretaria Geral da Presidência da República, Jarbas Soares Júnior, procurador Geral de Justiça do MPMG, Duda Salabert, deputada federal eleita e Carlos Bruno Ferreira, procurador do MPF.

Por Ellen Barros, comunicadora popular da Cáritas MG na ATI de Mariana

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